terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Leitura Diária #007


Escher, Platão e o real imaginário

(Redação selecionada do vestibular 2010 da FUVEST)



O quadro “Relatividade”, Escher, mostra um mesmo ambiente, porém sob ângulos visuais diferentes transmite a impressão de ser outro lugar. Em sociedade ocorre algo semelhante. Uma instituição quando idealizada apresenta certas características, todavia ao ser viabilizada, efetivamente, essa mesma instituição ganha novas conotações. É como girar o quadro de Escher: o projeto de algo apresenta uma imagem que pode não ser a mesma quando tornar-se real.

A instituição da Igreja Católica, por exemplo, apresenta dogmas como a existência de um Deus único, onipotente e misericordioso. Criou-se essa imagem primordial de benevolência e tolerância. Porém, em meados do século XVI, em vista à Reforma Protestante, uma vertente da Igreja, chamada Inquisição, foi posta em prática. Fogueira aos hereges e cerceamento aos opositores da instituição foram os preceitos reais vividos pela população. A imagem de compreensão e acolhimento foi substituída pela repressão e pela violência nada idealizadas.

O filósofo Platão tentou explicar por meio da Teoria das Ideias essa dualidade entre a imagem projetada e a real. Para ele, todas as formas existentes no mundo físico são reflexos das formas ideais, presentes somente no “mundo das ideias”. Estas são perfeitas, e as que temos alcance são apenas reflexos, por isso, passíveis de imperfeição. Passando da filosofia para o cotidiano, a formação de um estado totalitário tenta mesclar símbolos (imagens) com o concreto. Hitler prometia um Estado forte embasado em arianos nacionalistas e amantes da pátria. Essa seria a imagem ideal, na qual muitos alemães acreditavam, porém, de fato, o que se teve foi um Estado xenófobo, racista, autoritário e violento, isto é, real, e como disse Platão, passível de (muitos) erros.

Assim como o símbolo para Gilbert Durand culminava em soluções apaziguadoras aos problemas, para Platão a ideia é a própria solução, é perfeição. Inegável que as instituições sejam perfeitas em nosso imaginário, além disso, é assim que muitos preferem as ver: a Igreja Católica sem máculas, o Nazismo sem violência. No entanto, essa é uma perspectiva utópica. De fato, a imagem não é o objeto real, é o seu reflexo o qual podemos moldar de acordo com nosso ponto de vista. Assim sugeriu Escher com seu quadro multifacetado.

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Caça Informação

1) De acordo com a interpretação de Platão, como pode ser analisada a postura da Igreja Católica em meados do século XVI?

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2) Quais foram os aspectos que não apareciam necessariamente no ideal inicial do Nazismo prometido por Hitler, mas que quando o mesmo foi implantado se fizeram presentes?
 
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Quer o gabarito das perguntas? É só colocar seu e-mail nos comentários, que eu te mando!

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Atividade Extra:
Pesquise na internet sobre Gilbert Durand
e sua interpretação do que é um símbolo.

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