quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Leitura Diária #009


Nunca deveria ter enviado este e-mail!

Revista INFO – fevereiro de 2013

Se você algum dia se arrependeu de apertar o botão Enviar para uma mensagem comprometedora ou destinada à pessoa errada, o consolo é saber que não está sozinho. Conheça, a seguir, casos de desastres causados por e-mails inapropriados.



Não faça o que eu faço
Em julho de 2009, uma semana após realizar uma conferência dedicada a profissionais de segurança em Sidney, na Austrália, a tradicional desenvolvedora de antivírus McAfee resolveu mandar uma mensagem agradecendo aos 800 participantes do evento. A simpática iniciativa, porém, veio acompanhada de uma planilha que continha nomes, endereços de e-mail, cargos, telefones e até as preferências de alimentação de todos os 1,4 mil inscritos no evento. Uma gafe inaceitável para uma empresa de qualquer área de atuação, mas pior ainda para quem vende software de proteção.

Você está (quase) demitido
Em 2008, a agência britânica de mídia Carat enviou a todos os seus diretores um modelo para comunicar demissões. O texto indicava a importância de usar o termo “adequando a equipe”, no lugar de “reduzindo a equipe”, e afirmava que, se a pessoa quisesse, não haveria problema em ir para casa e voltar no dia seguinte para pegar suas coisas. O problema é que a mensagem acabou nas caixas de entrada de milhares de funcionários da empresa, dando a impressão de que uma demissão coletiva estava por vir.

Sacanagem corporativa
Um funcionário da Dataprev, empresa de tecnologia da Previdência Social, foi punido por enviar imagens pornográficas pelo e-mail corporativo. A mensagem foi repassada a três colegas, até aí, nada grave. O problema é que, alguns dias depois, esse e-mail foi redirecionado a 1.589 servidores do INSS.

Parabéns! Você foi reprovado
Em 2009, a equipe de departamento de admissão da Universidade da Califórnia, em San Diego, nos Estados Unidos, encaminhou um e-mail a 46 mil candidatos a seus cursos. Dizia o texto: “Estamos muito contentes que você tenha sido aprovado”. O problema surgiu quando se descobriu que só 18 mil deles tinham sido aceitos. De acordo com o jornal Los Angeles Times, a universidade precisou estruturar um plantão para atender pais irados e alunos chateados.

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Caça Informação

1) Qual foi o engano cometido pela desenvolvedora de antivírus McAfee e por qual motivo tal engano se tornou ainda mais grave?

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2) Quantos alunos receberam de forma indevida o e-mail com a suposta aprovação na Universidade da Califórnia, e qual foi a saída encontrada pela instituição para lidar com o inconformismo diante do ocorrido?

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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Leitura Diária #008


O segredo da vida longa

Cientistas descobrem um fator tão importante quanto a herança genética para a longevidade: o bom convívio social

POR Rosana Zakabi

Ao estudarem os fatores que influem na longevidade e tentarem descobrir por que alguns eleitos chegam aos 100 anos, as pesquisas científicas costumam convergir em alguns pontos. A genética é determinante – a predisposição hereditária tem um peso de 20% a 30% sobre quanto se vive. Alimentar-se adequadamente e não fumar conta pontos. Mas também, para chegar aos 100 anos, ou perto disso, é preciso manter uma vida social ativa, conservando laços estreitos com a família, amigos ou vizinhos. A novidade é que esse último item, que costumava ocupar papel secundário entre os processos que concorrem para a longevidade, agora foi elevado à galeria dos que têm importância decisiva.

Constatou-se que, nos idosos, o contato social frequente estimula o funcionamento do cérebro num grau maior do que as atividades solitárias, como a leitura. Além disso, a convivência reforça o sistema imunológico, contribuindo para uma vida mais saudável, ajuda a controlar o estresse relacionado ao envelhecimento e até mesmo retarda os efeitos da doença de Alzheimer.

A pesquisa que consagra a importância do convívio social para a longevidade está sendo realizada atualmente pela National Geographic Society em parceria com a Universidade de Minnesota. As instituições mapearam as regiões do mundo onde se vive mais – Okinawa, no Japão, a Ilha da Sardenha, na Itália, e Loma Lima, na Califórnia, e a Península de Nicoya, na Costa Rica – e enviaram um grupo de médicos e demógrafos para estudar a população desses locais.

As quatro regiões têm uma quantidade extraordinária de habitantes com 100 anos ou mais. Em Okinawa, por exemplo, existe uma média de cinquenta centenários para cada 100.000 pessoas, mais que o dobro do que se verifica entre a população dos Estados Unidos. A pesquisa constatou que os habitantes de Okinawa, Sardenha, Loma Linda e da Península de Nicoya se mantém fisicamente ativos mesmo em idade muito avançada, fazendo caminhadas diárias, trabalhando no jardim e em hortas ou andando de bicicleta. Mas a característica que mais surpreendeu os pesquisadores foi o comportamento social dos habitantes idosos. “Pesquisei os hábitos de mais de 200 pessoas centenárias nas quatro localidades que já visitamos e constatei que uma das maneiras mais eficientes para viver mais e melhor é construir relações sólidas com a família e os amigos”, disse o americano Dan Buettner, coordenador do estudo.

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Mais dados da pesquisa:

Okinawa
A expectativa de vida é de 81,5 anos, 1,5 a mais do que no resto do Japão.

Sardenha
0,5% da população tem mais de 100 anos, o dobro da média da Itália.

Península de Nicoya
A chance de chegar aos 100 anos é 4 vezes maior do que nos Estados Unidos.

Loma Linda
A comunidade adventista vive 6 anos a mais do que os demais californianos.

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Caça Informação

1) Cite os quatro fatores apresentados pelo texto como importantes para que idades mais avançadas possam ser alcançadas.

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2) Também quatro é a quantidade de atividades destacadas pela autora do texto como características dos idosos fisicamente ativos nas regiões pesquisadas. Quais são elas?


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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Leitura Diária #007


Escher, Platão e o real imaginário

(Redação selecionada do vestibular 2010 da FUVEST)



O quadro “Relatividade”, Escher, mostra um mesmo ambiente, porém sob ângulos visuais diferentes transmite a impressão de ser outro lugar. Em sociedade ocorre algo semelhante. Uma instituição quando idealizada apresenta certas características, todavia ao ser viabilizada, efetivamente, essa mesma instituição ganha novas conotações. É como girar o quadro de Escher: o projeto de algo apresenta uma imagem que pode não ser a mesma quando tornar-se real.

A instituição da Igreja Católica, por exemplo, apresenta dogmas como a existência de um Deus único, onipotente e misericordioso. Criou-se essa imagem primordial de benevolência e tolerância. Porém, em meados do século XVI, em vista à Reforma Protestante, uma vertente da Igreja, chamada Inquisição, foi posta em prática. Fogueira aos hereges e cerceamento aos opositores da instituição foram os preceitos reais vividos pela população. A imagem de compreensão e acolhimento foi substituída pela repressão e pela violência nada idealizadas.

O filósofo Platão tentou explicar por meio da Teoria das Ideias essa dualidade entre a imagem projetada e a real. Para ele, todas as formas existentes no mundo físico são reflexos das formas ideais, presentes somente no “mundo das ideias”. Estas são perfeitas, e as que temos alcance são apenas reflexos, por isso, passíveis de imperfeição. Passando da filosofia para o cotidiano, a formação de um estado totalitário tenta mesclar símbolos (imagens) com o concreto. Hitler prometia um Estado forte embasado em arianos nacionalistas e amantes da pátria. Essa seria a imagem ideal, na qual muitos alemães acreditavam, porém, de fato, o que se teve foi um Estado xenófobo, racista, autoritário e violento, isto é, real, e como disse Platão, passível de (muitos) erros.

Assim como o símbolo para Gilbert Durand culminava em soluções apaziguadoras aos problemas, para Platão a ideia é a própria solução, é perfeição. Inegável que as instituições sejam perfeitas em nosso imaginário, além disso, é assim que muitos preferem as ver: a Igreja Católica sem máculas, o Nazismo sem violência. No entanto, essa é uma perspectiva utópica. De fato, a imagem não é o objeto real, é o seu reflexo o qual podemos moldar de acordo com nosso ponto de vista. Assim sugeriu Escher com seu quadro multifacetado.

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Caça Informação

1) De acordo com a interpretação de Platão, como pode ser analisada a postura da Igreja Católica em meados do século XVI?

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2) Quais foram os aspectos que não apareciam necessariamente no ideal inicial do Nazismo prometido por Hitler, mas que quando o mesmo foi implantado se fizeram presentes?
 
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Atividade Extra:
Pesquise na internet sobre Gilbert Durand
e sua interpretação do que é um símbolo.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Leitura Diária #006


Desapego na raça

Você acha que descartar objetos, situações e hábitos é fácil? Veja o que acontece com quem decide jogar 50 coisas fora em duas semanas

POR Liane Alves

Olho com ternura para o meu chapéu de veludo verde. Comprei-o aos 22 anos numa sofisticada loja em Washington, quando fazia minha primeira reportagem como enviada especial fora do Brasil. O chapéu se converteu numa espécie de amuleto para mim. Sempre com ele na mala, viajei para lugares tão exóticos quanto Hong Kong, ou o norte da Tailândia. Se ele tivesse um passaporte, teria todas suas páginas carimbadinhas.

Nunca me permiti jogá-lo fora, pois ele despertava boas memórias. Foi emprestado algumas vezes, chegou a viajar para a Alemanha em outra cabeça e depois continuou sua vida de chapéu itinerante dentro dos armários. Se fosse um habitante do planeta dos chapéus, hoje ele poderia ser considerado um nobre ancião.

Por isso, agora o seguro em minhas mãos com o mesmo fervor com que Hamlet agarrava o crânio de seu pai e lançava questões como “ser ou não ser”. Porém, minha pergunta diante do meu chapéu de veludo verde é: jogo ou não jogo fora? Faria essa mesma pergunta diante de dezenas de outros objetos que pretendia me desfazer ao me mudar de casa. Essa tarefa insólita fazia parte da proposta da VIDA SIMPLES: seguir à risca o livro “Jogue Fora 50 Coisas”, da americana Gail Blanke, e treinar na prática o desapego.

“Nada mais fácil”, pensei. Já tinha jogado milhares de coisas fora. Quanto às questões internas, em relação a crenças e hábitos, pensava estar relativamente bem resolvida. Você conhece a expressão “ledo engano”, não é? Pois esse foi o mais ledo de todos os enganos em que já caí na minha vida. Jogar objetos fora era apenas a ponta do iceberg. O que isso envolvia e mobilizava internamente é que era o grande problema. Embora eu tivesse dezenas de livros para me desfazer, eles contam como uma única coisa. Batons velhos e rímeis duros também são computados em uma única categoria: maquiagem. E assim por diante: vários CDs só valem um, assim como lençóis, almofadas e, principalmente, sapatos. Tudo um. Quando constatei o artifício maroto, comecei a suspeitar que essa história ia ser um pouquinho mais complicada do que eu pensava.

“Sapatos, roupas ou a decoração da casa são elementos que empregados para exteriorizar nossa personalidade, tanto quanto os usamos para ajudar a construí-la”, afirma a psicóloga Maria Cândida do Amaral. Os objetos são como uma espécie de linguagem que utilizamos para nos revelar e ao mesmo tempo, nos autodefinir.

Sei. Será que é por isso que me custa tanto a me desapegar da minha fruteira de cristal de Murano? Gail já tinha avisado que, ao jogar coisas fora, em algum momento entraríamos em contato com um inimigo oculto: nossas crenças. O que me prendia à minha emblemática fruteira? Não queria jogá-la fora por causa de uma associação. Sua forma triangular me fazia lembrar da Santíssima Trindade. Achava muito forte ter esse símbolo sagrado presente em casa e de uma forma tão bonita. 

De acordo com Gurdjieff, desde que vista conscientemente, a associação não atrapalha mais. Quanto mais conseguirmos enxergar nossos condicionamentos e o nosso limitado modo de pensar e ver o mundo, mais essa visão mostra nossa dolorosa situação de inconsciência de nós mesmos ou, como ele dizia, o horror da situação. E, para ele, a auto- observação é o que vale, pois ela é o ponto de partida da busca pela consciência. Não é preciso necessariamente mudar alguma coisa, só ver nossas limitações. Então, a fruteira ficou.

E assim chegou ao número 49, depois de duas batalhadas semanas jogando coisas fora. Gail garante que o número 50 é uma espécie de centésimo macaco: depois de tê-lo atingido, tudo pode mudar definitivamente em nossas vidas. É óbvio que deixei o meu querido chapéu verde por último. Agora posso jogá-lo fora. Não me sinto mais tão atrelada à crença de que só ele pode me trazer novas viagens. Estou prontinha. O problema é que não consigo encontrá-lo no meio da bagunça de caixas, sacos para doação  e lotes de venda. Portanto, ficamos assim: se encontrá-lo, jogo fora. Mas uma coisa é certa: depois de todo esse processo de libertação e descarte, está claro para mim que ele não tem mais serventia.

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Caça Informação

1) Onde e em que circunstâncias a autora do texto adquiriu seu chapéu de veludo verde?

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2) Qual era o maior problema dela em relação a jogar objetos fora?

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3) Com base no trecho com a opinião de psicóloga Maria Cândida do Amaral, que traços da personalidade da autora do texto podem ser detectados a partir de seu chapéu verde?

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Chegou a sua vez... Sem precisar de uma atitude tão drástica quanto a sugerida pelo livro de Gail Blanke, que tal se desfazer de cinco objetos ainda hoje?

Liberte-se!!