sexta-feira, 15 de março de 2013

Leitura Diária #019

A busca da felicidade

Ser feliz é provavelmente o maior desejo de todo ser humano. Na prática, ninguém sabe definir direito a palavra felicidade. Mas todos sabem exatamente o que ela significa. Nos últimos tempos, psicólogos, neurocientistas e filósofos têm voltado sua atenção de modo sistemático paraesse tema que sempre fascinou, intrigou e desafiou a humanidade.

As últimas conclusões a que eles chegaram são o tema de uma densa reportagem escrita pelo redator-chefe de ÉPOCA, David Cohen, em parceria com a editora Aida Veiga. O texto, conduzido com uma dose incomum de bom humor, inteligência e perspicácia, contradiz várias noções normalmente tidas como verdade pela maior parte das pessoas. A felicidade, ao contrário do que parece, não é mais fácil para os belos e ricos. A maioria dos prazeres ao alcance daqueles que possuem mais beleza ou riqueza tem, segundo as pesquisas, um impacto de curtíssima duração. Depois de usufruí-los, as pessoas retornam a seu nível básico de satisfação com a vida. Por isso, tanta gente parece feliz à toa, enquanto tantos outros não perdem uma oportunidade de reclamar da existência.

Mesmo quem passa por experiências de impacto decisivo, como ganhar na loteria ou perder uma perna, costuma voltar a seu estado natural de satisfação. Seria então a felicidade um dado da natureza, determinado exclusivamente pelo que vem inscrito na carga genética? De acordo com os estudos, não é bem assim. Muitas práticas vêm tendo sua eficácia comprovada para tornar a vida mais feliz: ter amigos, ter atividades que exijam concentração e dedicação completas, exercer o controle sobre a própria vida, ter um sentido de gratidão para com as coisas ou pessoas boas que apareçam, cuidar da saúde, amar e ser amado. Uma das descobertas mais fascinantes dos pesquisadores é que parece não adiantar nada ir atrás de todas as conquistas que, segundo julgamos, nos farão mais felizes. Pelo contrário, é o fato de sermos mais felizes que nos ajuda a conquistar o que desejamos.

Nada disso quer dizer que os cientistas tenham descoberto a fórmula mágica nem que tenha se tornado fácil descobrir a própria felicidade. Olhando aqui de fora, até que David e Aida parecem felizes com o resultado do trabalho que fizeram. Agora, é esperar que esse resultado também ajude você a se tornar mais feliz.

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(Gurovitz, Hélio. Revista ÉPOCA. Editora Globo, São Paulo. Número 412, 10 de abril de 2006, p.6)

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