Escher, Platão e o real
imaginário
(Redação selecionada do
vestibular 2010 da FUVEST)
O quadro “Relatividade”, Escher,
mostra um mesmo ambiente, porém sob ângulos visuais diferentes transmite a
impressão de ser outro lugar. Em sociedade ocorre algo semelhante. Uma
instituição quando idealizada apresenta certas características, todavia ao ser
viabilizada, efetivamente, essa mesma instituição ganha novas conotações. É
como girar o quadro de Escher: o projeto de algo apresenta uma imagem que pode
não ser a mesma quando tornar-se real.
A instituição da Igreja Católica,
por exemplo, apresenta dogmas como a existência de um Deus único, onipotente e
misericordioso. Criou-se essa imagem primordial de benevolência e tolerância.
Porém, em meados do século XVI, em vista à Reforma Protestante, uma vertente da
Igreja, chamada Inquisição, foi posta em prática. Fogueira aos hereges e
cerceamento aos opositores da instituição foram os preceitos reais vividos pela
população. A imagem de compreensão e acolhimento foi substituída pela repressão
e pela violência nada idealizadas.
O filósofo Platão tentou explicar
por meio da Teoria das Ideias essa dualidade entre a imagem projetada e a real.
Para ele, todas as formas existentes no mundo físico são reflexos das formas ideais,
presentes somente no “mundo das ideias”. Estas são perfeitas, e as que temos
alcance são apenas reflexos, por isso, passíveis de imperfeição. Passando da
filosofia para o cotidiano, a formação de um estado totalitário tenta mesclar
símbolos (imagens) com o concreto. Hitler prometia um Estado forte embasado em
arianos nacionalistas e amantes da pátria. Essa seria a imagem ideal, na qual
muitos alemães acreditavam, porém, de fato, o que se teve foi um Estado
xenófobo, racista, autoritário e violento, isto é, real, e como disse Platão,
passível de (muitos) erros.
Assim como o símbolo para Gilbert
Durand culminava em soluções apaziguadoras aos problemas, para Platão a ideia é
a própria solução, é perfeição. Inegável que as instituições sejam perfeitas em
nosso imaginário, além disso, é assim que muitos preferem as ver: a Igreja
Católica sem máculas, o Nazismo sem violência. No entanto, essa é uma
perspectiva utópica. De fato, a imagem não é o objeto real, é o seu reflexo o
qual podemos moldar de acordo com nosso ponto de vista. Assim sugeriu Escher
com seu quadro multifacetado.
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Caça Informação
1) De acordo com a interpretação
de Platão, como pode ser analisada a postura da Igreja Católica em meados do
século XVI?
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2) Quais foram os aspectos que
não apareciam necessariamente no ideal inicial do Nazismo prometido por Hitler,
mas que quando o mesmo foi implantado se fizeram presentes?
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Quer o gabarito das perguntas? É só colocar seu e-mail nos comentários, que eu te mando!
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Atividade Extra:
Pesquise na internet sobre Gilbert Durand
e sua interpretação do que é um símbolo.
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